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terça-feira, 30 de agosto de 2011

HISTORIA E POVOAMENTO DO MUNICIPIO DE SALGADO


HISTÓRIA E POVOAMENTO DO MUNICÍPIO DE SALGADO
O texto a seguir foi extraído do trabalho monográfico de conclusão de curso sob o título: ANÁLISE SÓCIO-DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SALGADO-SE E AS REFLEXÕES ESPACIAIS (1980-2010) de autoria da professora Dannnielle Gonçalves Antão.

Localização do município de Salgado no Estado de Sergipe.
FONTE: Almir Souza Vieira Junior, 2010.

O município de Salgado situa-se a 11°01’50” de latitude sul e 37°48’05” de longitude oeste, localizado no região centro-sul do Estado de Sergipe, limitando-se a norte  com Lagarto, a sul com Estância, a oeste com Boquim e a leste com Itaporanga D’Ajuda e Estância (figura 2). Está a cerca de 54 km de distância da capital sergipana (figura 3), Aracaju, e possui área de aproximadamente 248,45 km². A sede municipal tem uma altitude de 102 metros e coordenadas geográficas de 11°01’50” de latitude sul e 37°28’05” de longitude oeste.



Principal via de acesso rodoviário entre o município de Salgado e a capital Aracaju.
FONTE: Projeto cadastro da infra-estrutura hídrica de Nordeste: Estado de Sergipe. Diagnóstico do município de Salgado – 2002.
Seu clima apresenta-se agradável do tipo magnetérmico sub-úmido, com média das temperaturas máximas de 30° C e média das temperaturas mínimas de 18° C, sua média ponderada corresponde a 24,6° C (SANTOS apud SOUZA, 2009, p. 114). Possui chuvas regulares de 1248,6mm anualmente, sendo o período de maio a agosto os meses mais chuvosos, o mês mais seco corresponde a novembro, período em que a primavera já está consolidada (LOPES apud LOPES E COSTA, 2009, p. 136).
Em seu território encontra-se o solo do tipo podzólico vermelho amarelo e latsol. O primeiro tipo de solo possui baixa fertilidade natural e forte acidez, tem textura média a argilosa, é conhecido por ser ideal para “pastagens onde são cultivados os capins pangola e sempre verde e gramíneas nativas. Cultiva-se também o milho, feijão, mandioca, algodão, fumo e cana de açúcar” (FRANCO, 1983, p. 56). Os latsolos apresentam baixo teor de silte, “sendo altos os teores de areia ou argila. Solos profundos a muito profundos com horizontes difusos e graduais entre si. Muito porosos, bem drenados, resistentes a erosão” (Ibidem, p. 56-57).
O município é rico em reservas de água subterrânea, além de possuir rios, riachos e inúmeras nascentes. Todos esses recursos hídricos fazem parte da bacia do Rio Piauí, sendo que o principal rio a banhar o município é o Rio Piauitinga o qual atravessa a sede municipal. Os fatores climáticos, hídricos e pedológicos associados à proximidade do lugar com o litoral sergipano propiciaram a formação do bioma natural da Mata Atlântica, com vegetação semelhante à deste bioma com a ocorrência de árvores como o cajueiro, jaqueira dentre outras, além de possuir espécies características do cerrado e da caatinga.  
Onde atualmente se encontra a cidade de Salgado existiu uma povoação denominada “Pau Ferro”, posteriormente conhecida como "Salgadinho", o nome foi dado por viajantes que por ali transitavam vindos de fazendas próximas, graças ao sabor salobro característico da água de uma fonte de água termal ali existente. O povoado pertencia ao município de Boquim-SE, e era apenas parte de uma fazenda às margens do Rio Piauitinga, não possuía nenhuma importância econômica, não possuía outro atrativo de pessoas senão sua fonte rica em cloreto de sódio capaz de curar males da pele (SANTOS apud SOUZA, 2009). Costa (2009, p. 36) afirma que “em 1902, a povoação ainda não tinha característica urbana que justificasse qualquer referência a seu respeito, a não ser sua água medicinal”.
Em meados de 1911, próximo a esta localidade, construiu-se uma Estação Ferroviária (figura 4) pela Cia. Chemins de Fer Federaux du L'Est Brésilien (1913-1935) ou Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, a qual fazia parte da linha do chamado Ramal Timbó, que ligava Aracaju a atual cidade de Esplanada na Bahia[1] (figura 5). Para Freire (2002, p.202)
A localidade só passou a merecer registro a partir da construção da linha férrea, em 1911, sendo buscada pelos habitantes de Estância, por ser o melhor ponto para embarcação nos trens. O destino era os municípios baianos, onde eles preferiam fazer suas compras.

Antiga estação ferroviária do Município de Salgado.

FONTE: Estações ferroviárias do Brasil (www.estacoesferroviarias.com.br)




Percurso da linha férrea do Ramal do Timbó.
FONTE: Estações ferroviárias do Brasil (www.estacoesferroviarias.com.br)
A partir de então o lugar passa a receber pessoas de várias partes do Estado. Daí então surge à necessidade de instalação de pousadas e restaurantes para atender o público que freqüentava a Estação, pois muitas vezes fazia-se necessário que o passageiro esperasse pelo trem por mais de um dia. Além disso, as viagens até Salgado demoravam devido à falta de infra-estrutura das estradas e dos meios de transporte, por isso deveria haver toda uma logística para acolher essas pessoas até a hora da viagem ferroviária.

Para facilitar o transporte dos estancianos até a nova povoação, foi providenciada uma empresa para construir e explorar a rodovia, mediante cobrança de pedágios. Portanto, foi com a construção da rodovia e da estação ferroviária que a povoação começou a crescer e o progresso acelerou-se, ficando conhecida em todo o Estado pelas suas águas termais (FREIRE, 2002, p.202). 

A povoação já apresentava aspecto urbano perto da estação onde se formavam ruas com hospedarias para viajantes, as quais ficavam a uma distância de dois quilômetros da parte norte do lugar, eram áreas movimentadas e constantemente visitadas por veranistas que procuravam as fontes termais (FREITAS, 1998). Muitas pessoas que passavam por ali se encantavam com a tranquilidade do lugar e compravam terrenos para construir casas de veraneio. Após estudo da composição químico-analítica das águas da fonte termal de Salgado, feita pelo Instituto de Higiene de São Paulo, constatou-se que esta poderia ser classificada como bircabonatada, hidrossulfídrica, sódica, cálcica e magnesiana. Tais condições permitiam que ela fosse utilizada no tratamento de doenças estomacais, dos intestinos e fígado, além de ajudar no tratamento de afecções da pele, eczemas e acnes.
O desenvolvimento observado no lugarejo associado ao grande aumento populacional era alvo de planos políticos de muitos, os quais queriam emancipá-lo, pois se Salgado passasse a ser um município receberia verbas do governo proporcionando melhores condições para a população local ao mesmo tempo em que geraria mais poder político para alguns. O senhor Bemvindo Alves da Costa, empregado da ferrovia, dono de uma das primeiras lojas da localidade, instalada em 1915, e da primeira agência dos correios, era um homem influente na política, portanto pleiteou a emancipação do lugar junto ao presidente Pereira Lobos. Entretanto a ação do burguês não obtém resultado positivo, porém juntou-se a ele nesta empreitada Antônio Olímpio de Carvalho, que junto com mais outros conseguiram atender a seus anseios.
Então em de 4 de outubro de 1927, o povoado foi elevado à categoria de Vila, com a denominação de Salgado, pela Lei Estadual nº 986. Porém esse status não era o almejado pelos que lutavam por sua emancipação. Por isso outra Lei Estadual, a de número 69, de 27 de março de 1938, eleva a Vila à categoria de cidade, sede de município, com território desmembrado de Boquim, do qual era parte até então.
A partir de então as atividades econômicas giravam em torno do turismo, a cidade tornou-se muito popular após a construção de um balneário público composto por uma piscina olímpica, piscina infantil, quadra de esportes e um bosque, além disso, foi construído um local para o consumo de alimentos e bebidas. 



Balneário público do município de Salgado.
FONTE: Acervo pessoal, 2010.

Pessoas de várias partes do Estado ou mesmo de outras partes do Brasil iam a Salgado conhecer suas águas. Um hotel de luxo foi construído na sede do município, nele vários cantores famosos até políticos ilustres se hospedavam para desfrutar da tranquilidade local. Tanto turismo demandava empregos para os cidadãos locais, os quais trabalhavam no hotel, em pousadas, bares, ou como ambulantes autônomos.

Hotel balneário de Salgado.
FONTE: Acervo pessoal, 2010.

Porém, a maior parte da população do recém município vivia na zona rural. Estes se ocupavam em trabalhos na lavoura, apesar da baixa fertilidade da terra ela era ideal para a cultura do milho, da mandioca, da laranja, da batata doce, mamão, maracujá e abacaxi, além das culturas temporárias do feijão, fumo, amendoim e coco-da-baia. As criações de galináceos, bovinos, suínos, eqüinos, ovinos e hatitas (criação de avestruz) associados a agricultura permaneceram até os dias atuais.
Apesar de ser considerada como única cidade balneária do Estado, Salgado enfrentou diversos problemas. Durante alguns anos o hotel e o balneário público funcionaram sem provocar maiores transtornos sob o controle do Estado. Entretanto, após passar a administração desses bens para a prefeitura municipal inicia-se o período de decadência do turismo em Salgado. Após o não pagamento de dívidas, inclusive contas pela utilização da água e energia, o hotel fecha suas portas sem previsão de reabertura. O balneário continuou funcionando até meados de 2006, quando o então governador João Alves Filho fecha suas portas sob o pretexto de reformá-lo, em uma manobra eleitoreira. O balneário só voltou a funcionar em 2010, ano corrente, após longa reforma, já que o período em que esteve fechada não houve nenhuma manutenção.
Atualmente a cidade vive uma fase de urbanização/expansão urbana acelerada em que as pessoas estão deixando de viver na zona rural e passam a viver na área urbana.  Isso se deve a construção de casas de conjuntos habitacionais que foram e estão sendo construídas em parceria com a Caixa Econômica Federal - CEF - e o Governo Federal. Percebe-se que a cidade cresce não apenas fisicamente, mas também progride na área do comércio e serviços. É cada vez mais visível a presença de beneficiadora de laranja, panificadoras, serralherias, olarias, comércio de artefatos de cimento, fábricas de móveis, inúmeros estabelecimentos comerciais, além de prestações de serviços que antes seria possível apenas se os indivíduos se deslocassem para centros regionais como Lagarto e Boquim, ou se fosse a capital Aracaju. O aumento populacional do município fez surgir à necessidade de tantos benefícios. A instalação de uma fábrica de calçados na sede municipal promete gerar muitos empregos, tornando a cidade um atrativo não apenas turístico, mas também para o trabalho.








REFERÊNCIAS
ALVES, Ademário. A Produção do Espaço em Salgado, (Comunicação,Apresentação de Trabalho) Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Vários, Home page: ademaroalves@bol.com.br; Local: fjav; Cidade: Lagarto/Se; Evento: Encontro de Educação Superior; Inst.promotora/financiadora: FJAV, 2008.

BOMFIM, Luiz Fernando Costa. Projeto cadastro da infra-estrutura hídrica de Nordeste: Estado de Sergipe. Diagnóstico do município de Salgado. Aracaju: CPRM, 2002.
FRANCO, Emmanuel. Biogeografia do Estado de Sergipe. Aracaju: UFS, 1983.
FRANÇA, Vera Alves; CRUZ, Maria Tereza Souza. (coordenadoras) Atlas escolar de Sergipe: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: Editora Grafset, 2007.

FREIRE, Edivânia. Salgado: única estação hidromineral no Estado. [p. 220-222]. In: CINFORM. História dos municípios: um jeito fascinante de conhecer Sergipe. Aracaju: CINFORM, jul. 2002. (Edição Histórica – 20 anos do CINFORM) 

FREITAS, Maria da Conceição Araújo (Org.). Inventário Cultural. Salgado, Secretaria da Educação Esporte e Lazer, 1998.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Salgado Sergipe - SE: Histórico Disponível em: <http://www.biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/sergipe/salgado.pdf> Acesso em: 20 de ago. 2010.
SANTOS, Elaine Christian Barbosa dos. Desafios da gestão ambiental na escala municipal em Salgado. p. 103-124. In: SOUZA, Rosemeri Melo e.Território, planejamento e sustentabilidade: conceitos e práticas. São Cristóvão: Editora UFS, 2009.


[1] http://www.estacoesferroviarias.com.br/ba_propria/salgado.htm.

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